Não queria pegar no tema que tem servido de arranque para muitos blogs neste novo ano, mas vou fazê-lo.
Por concordar que os cafés foram um local importante para a formação de uma cultura europeia moderna, não posso ficar em silêncio quando vejo que estes têm sido alvo de ataques por moralistas e naturalistas extermistas.
De forma alguma estou a defender que a nova lei anti-tabaco seja banida, mas penso que poderia ser modificada: em vez de "permitirem", aos cafés ou outros espaços fechados, que tenham mais de 100 m2, arranjar um sitio para fumadores, deviam "obrigar" esses espaços a construirem os locais para os fumadores. Assim, garantem que estes não estão a ser perseguidos.
Por fim relembrar que é uma pena ver locais onde grandes pensadores (e muitos deles fumadores) passavam a maioria do seu tempo, ser agora reservado a génios que não fumem.
Paris, que te aconteceu? O que seria de Pessoa se tivesse de fazer uma pausa na sua escrita, sempre que tivesse de ir fumar o seu cigarrito...
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1 comentário:
Julgo, do alto da minha ignorância, que está por traz desta "cruzada" contra os fumadores um objectivo mais elevado do que a saúde pública. Alias, dou os meus parabéns a quem se lembrou de utilizar este argumento para legitimar uma clara opressão ao fumador. O fumador é visto como um doente, pior ainda: como um inconsciente movido de instintos atrozes...o que mais me entristece é o facto de não mais o fumador ser visto como um cidadão. Ser-se fumador neste momento é ser-se indigno, é prescindir da dignidade que foi tão custosamente arrancada a ferros pelos nossos egrégios avós, dignidade essa constitutiva da nossa condição de homens. O Homem neste momento tem que ser livre de fumo, "livre" pelos menos para cumprir aquilo que o regime lhe ordena.
Chiquito Hernandez
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